7/15/2007

Há dias em que...

Eram 3 e qualquer coisa da manhã de hoje, e estava eu, de sorriso ridículo estampado na cara, a começar um novo projecto teatral. Deu-me luta (e ainda dá, claro!).
ignorei-o por algumas mãos cheias de tempo, mas não podia passar despercebida a isso. Era grande, inquieto.
Assim fiz. meti-me com ele. Sempre gostei de começar algo novo, do zero, no teatro. Faço-o há alguns anos, e nunca percebi bem porquê... é bom, faz-me bem!

Ainda está aqui, esticadíssimo em cima da secretária, como se estivesse a apanhar Sol (que hoje, decidiu ir dar uma volta sabe-se lá por onde), e como se dentro de minutos, fosse levantar a mão e gritar: olhe, se faz favor, é um sumo de laranja natural, sim?!

Rídiculo.

E como o mundo exterior nos muda o espírito... com uma facilidade de olhar para o céu, pisarmo-nos a nós mesmos, e mordiscar-mos os lábios por doer quase nada.

Tinha adormecido com um sorriso sonolento e a cabeça a rebentar de ideias e ideias e ainda mais ideias. Confesso que nunca gostei de ter muitas ideias em tão pouco tempo. Depois de as deitar-mos cá para fora, parece que ficamos desidratados, sei lá...

E acordei bem disposta (isso é logo de desconfiar. Dia que é dia, para mim, começa sempre de mau humor - calma, não sou assim o dia todo. Após 2 minutos de uma pseudo meditação,ainda com os olhos fechados pela força da preguiça, lá me mentalizo que a vida tenta ser bela, e o mau humor aproveita para ir dar música a quem o queira ouvir e não volta até o outro dia chegar).
Assim que saí de casa, a boa disposição começou a enrolar-se de tal forma, que nem parecia a mesma.
Estava armada em parva, só pode. Mas coitada...
E começo a olhar para tudo: carros, bozinas irritantes violentamente tocadas por gente que se baba por boatos de vidas alheias, miúdas que ainda agora se aperceberam que os bebés não vêm de Paris e que já parecem mulheres que deram à luz bebés aos quais contam a mesma história ainda ontem a elas contada, miudos que se autonomeiam "Los machos latinos" e que choram porque partiram os seus ocúlos de sol absolutamente pirosos de 5 euros, pessoas formadas em cursos altamente bem vistos e que lhes fornecem o direito de serem chamados de "senhores doutores/engenheiros/arquitectos/advogados" mas que afinal de contam possuem apenas o mestrado da universidade da cobardia... bla bla bla. vocês sabem estas coisas todas de cor.

e pronto. chego a casa sufocada pelo mundo exterior, e quando pensamos e vamos ao encontro do que nos possa fazer sentir melhor, TOING! outra cabeçada mesmo no meio do peito, para aprender a abrir os olhos e ver que milagres não existem.

enfim...
há dias em que sinto que não devia ter saído da cama.

2 comments:

nadia-hzcked by unix_chro said...

os milagres nao existem . isso e' verdade . e citando o q um amigo me diz "tudo aquilo em que acreditamos e' uma ilusao . cabe a no's torna'.lo verdade" . *

Anonymous said...

Absolutely amazing...
A escrita da Ana Dionísio parece q deixa transparecer um pouco da visão da Margarida Beja... uma visão cinemática, afastada e tão próxima ao mm tempo deste filme q é a vida, no qual o mundo é o único cenário, a personagem principal parece n saber ao certo q o é, e q o resto são figurantes q vão passando pelo filme, só para o ir enchendo de palha, e mais palha...
Por vezes chega-se ao fim do filme e pensa-se: "mas já acabou?? não tem lógica cmo acabou!!"
Mas é claro, q a Margarida Beja realizará filmes bastante mlhrs do q esse filme intitulado "Vida" realizado sabe-s lá por kem, ou pq raio...
os teus serão certamente mais sorridentes e apelativos, e terão mt provavlmnt mais lógica, do q a "lógica" confusa do mundo da "Vida".

(Dsclp lá o testamento, mas n resisti...)

Bjuu fofu e continua axim
(só n penses demasiado q t faz mal rapariga!! =P)