9/20/2006

"No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e aberta, uma varanda para o mundo."


e mais nenhuma música te define.

9/15/2006

Cenário

meu fado é o teu fado!

9/11/2006

Cinco anos depois...

Faz hoje cinco anos que acordei de manhã e liguei a TV para me entreter. a meio do programa que via, aparece a jornalista com uma notícia de última hora. Fiquei aborrecida, pois estava a gostar do que estava a ver, e nada mais me interessava para além da continuidade do entertenimento.
Vi duas torres enormes, e uma delas estava com muito fumo nos ultimos andares. de repente vi um outro avião, a ir contra a irmã gémea desta. pensei: "Mas esta gente é doida? qual é a piada de ir contra duas torres? Será que não as viram?"
a inocência da idade não dava para perceber minimamente o que se passava.

À hora de almoço, o meu pai estava com uma cara muito estranha.
"Pai, o que se passa?"
"Nada filha" e não tirava os olhos tristes do ecrã.
Durante o tempo das notícias nao se falava de outra coisa senão das duas torres que cairam. Irritava-me mudar todos os canais nacionais e internacionais, e ver as mesmas imagens. Comecei a ver imagens que me faziam confusão. Pessoas atiravam-se de todos os lados. Pareciam saber voar.

"Pai, as pessoas estão a atirar-se! vão morrer?"

"Não filha, fica descansada."

"Mas pai, olha para elas! Pai, elas vão morrer!!!"

"Calma filha. Tu não podes fazer nada!"

"Mas pai..."

Hoje, aquelas imagens ficam na minha cabeça como se de uma tatuagem se tratasse. não saiem! e estes cinco anos, parecem cinco minutos. A idade é outra, e a noção do Mundo mudou. Tenho medo das recordações que tenho.

Daqui a uns anos, serei mãe. e num qualquer 11 de Setembro, os meus filhos vão-me perguntar:

"mãe, o que é aquilo? as pessoas conseguem voar sem asas mãe, já viste? Para onde é que elas vão?"

eu de certo direi, de lágrimas nos olhos: "Para um sítio onde tudo é bonito"

9/06/2006

olhar suspeito no hiper mercado = habilitas-te a levar com ela?

tudo parecia decorrer normalmente...
compras no carrinho maravilhoso, que apesar de estar desengatado de uma pata, andava que era uma maravilha...
chega-se à caixa para se pagar o que se precisa (ou não), e olha-se para trás.
um casal novo...
ele com ar de macho latino, ela uma moça de buço especular (tomariam muitos senhores ter um bigodinho tão bonitinho).
atrás, uma brasileira. é preciso dizer as suas caracteristicas? bem me parecia.

Ele olha para trás.
a brasileira sorri.
ele olha novamente para trás e sorri
a brasileira sorri ainda mais.
ele olha para as pernas da brasileira.
ela e o seu maravilhoso buço topam a cena
ZBUUUF!
Viva a senhora do buço e a sua mão!

9/01/2006

Minha Terra, meu fado...

Sempre que a visita à minha terra se aproxima lembro-me de Carlos do Carmo.
porquê?

ora, uma pista...

No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina emoça, amada
Cidade mulher da minha vida
No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar
o dia espera-me!
e eu por ele também