12/10/2006

artista


o grande dia caminha a passos largos.
eu bem lhe digo: vai com calma! ainda tropeças e acabas por te magoar sem necessidade nenhuma!
não me dá ouvidos...
é tão teimoso!
vejo-o sorridente, a correr de braços abertos e a dizer: abraça-te a mim! confia nas tábuas velhas, nos camarins e nos camarotes! confia nas luzes e nas cadeiras onde se sentará aquele grupo de pessoas que não vai parar de olhar para o que tens vestido, e de certo que não ouvirá nada do que dizes, caso não desvies a sua atenção para as palavras que vais gritar enquando desejas água para adoçar a garganta!

arrepio-me a cada momento que piso aquelas velhas tábuas, já cheias de tinta e vernizes para parecerem jovens, mas que na verdade, já se sentem incapazes de sugar aplausos dispersos.
(coitadas...)

e os camarins, que servem de refugio para os verdadeiros artistas, mesmo com teias de baixo das mesas, e três luzes fundidas dos espelhos, continuam a ter o mesmo encanto para mim!
são aquelas quatro paredes que levam com os nervos de estreia, a pontapés e murros! mesmo assim, conseguem fazer milagres a cada traço de maquilhagem que faço.

os camarotes e as plateias...bem, esses continuam a fazer-me sentir exageradamente alguem quando as luzes se enfiam pelos meus olhos dentro, e não os consigo ver!
até o veludo que tapa o que de mais misterioso existe num palco, tem o mesmo encanto a cada dia de espectáculo.
enfim...
se amar cada centimetro de palco, de plateia é ser artista, então digo e grito bem alto que é isso que sou: ARTISTA!

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